O Tigre e a Neve

Há manhãs melhores do que outras. Eu devia ter percebido pela manhã de hoje que o dia me iria correr muito bem - um daqueles dias poéticos. Passo a explicar: quem viu o filme do Begnini testemunhou um final lindo de umas flores brancas esvoaçando iguaizinhas às que vi hoje. Tal como a actriz, também eu estanquei o carro, não tanto pela beleza das flores, mas sobretudo pela imposição do semáforo e posteriormente porque um gato preto se atravessou à minha frente. Reprodução cinéfila à escala do meu mundo. Sorri, para dentro e para fora. E continuei sonâmbula num trânsito excessivo que não entendia até ao momento em que me recordei que hoje os estudantes universitários saiam à rua afastando a circulação automóvel numa imposição anárquica só comparável à vista nas comemorações do s. joão.
Mas apesar de todo este cenário belicodoce pela manhã, o dia correu mesmo muito mal. Um daqueles dias em que o melhor é sair só à noite, directa para um bar com boa música e amigos à mistura. A boa notícia é que tenho companhia para a minha viagem a madrid.
(pensando bem, o dia não foi assim tão mau).